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Jesus, Whitman e Tolstoi são aqui propostos acima de tudo como traços de uma linhagem intelectual, existen- cial e espiritual que ajuda a compreender a obra do escritor português como um dos mais interessantes lugares de manifestação dessa linhagem. Designo-a por democracia espiritual e, apesar da sua inevitável transito- riedade enquanto conceito, é dela que podemos dispor com proveito no nosso tempo.

Independentemente do destino que lhe está reservado, a ideia de democracia espiritual não se circunscreve à hermenêutica saramaguiana, pois contém um potencial descritivo e uma elasticidade teórica que alarga com proveito a ideia à própria hermenêutica da cultura. Neste sentido, espero que ela possa servir de instrumen- to de conhecimento vivo e dinâmico a analistas literários e culturais que encarem a espiritualidade, nomeada- mente a espiritualidade laica que defendo, como elemento aglutinador das dores e alegrias do mundo e das suas representações artísticas.

 

Manuel Frias Martins

 

 

| Fundação José Saramago / Capa mole / 141 pp. / 140 x 210 x 10 mm |